Relutei muito em responder ao deputado Serafim. Reluteiporque considero que valores de amizade, lealdade, família estejam acima dasdisputas e vaidades políticas. Relutei porque, a despeito da postura que ele adotou durante e após as eleições em relação a mim, eu prefiro guardar a imagem de alguém que foi solidário durante o meu mandato de deputado, foi amigo em momento difíceis da minha vida pessoal e que caminhou ao meu lado em muitos momentos da vida pública.
Mas não posso deixar passar como verdade a versão contada pelo deputado Serafim de que eu não procurei diálogo com o PSB, após as eleições. Ele mesmo relata em uma declaração que fui à casa dele conversar sobre o futuro.
Antes de qualquer contradita quero resumir os momentos que estive ao lado de Serafim na vida pública.
Aceitei ser líder do prefeito Serafim na Câmara quando ele era um prefeito mal avaliado e tinha dificuldades de articulação com os vereadores. Aceitei ser presidente do SMTU na gestão Serafim quando tocavam fogo em ônibus e fechavam a porta de garagens todos os dias. Enfrentei o PCdoB na minha candidatura à reeleição de vereador para apoiar a reeleição de Serafim à Prefeitura. Rompi com o PCdoB e filei-me ao PSB (partido de Serafim), mesmo correndo o risco de perder o mandato de vereador. Por lealdade, fiquei ao lado de Serafim quando ele entregou a sua candidatura ao Governo para ser vice do Alfredo e apoiei o filho dele para deputado federal. Aceitei ser candidato a vice na candidatura de Serafim à Prefeitura em 2012, mesmo sabendo da inviabilidade ela. Como deputado ou vereador nunca permiti um ataque injusto a ele.
Essa é a minha trajetória na vida pública nos últimos 8 anos. Uma trajetória de lealdade e compromisso com o que acreditei ser o melhor para a política do Amazonas e de Manaus.
Em 2014, todos que acompanharam a campanha para o governo do estado puderam perceber meu comprometimento com o projeto que o PSB tinha para o Brasil com Eduardo Campos e depois com Marina. Só os Serafins viram outra coisa.
Mas eu não fiquei ao lado de Serafim esperando gratidão, lealdade ou reciprocidade. Fiquei porque eu só sei agir com gratidão e lealdade. Só sei agir movido pelo que acredito.
Só quero o bem do Serafim. Serafim já perdeu eleições, amigos e a admiração de muitos por conta dessa relação que confunde e mistura política com família.
Serafim sabe que era contra a minha candidatura ao governo. Serafim sabe que poderia ter ajudado mais na nossa campanha (como eu sempre ajudei nas dele). Serafim sabe.
Serafim sabe que hoje a direção municipal do PSB é impedida até mesmo de me ouvir por um grupo ligado a ele, mesmo diante do apelo de muitos militantes e dirigentes.
Mas não é isso que guardo dele. Guardo o homem experiente que em momentos de crise confiou na minha dedicação ao trabalho e a boa política. Guardo o amigo fraterno que tantas vezes me apoiou na minha vida pública e pessoal. Guardo o conselheiro sempre disposto a ajudar nas ações do meu mandato de deputado.
E repito. Esses sentimentos independem de reciprocidade.
A minha postura, a dele e a do Marcelo Serafim em 2014 foram julgadas pelo povo que foi as urnas. E é bom que cada um faça o seu balanço. Não farei o deles. Mas o meu, é um balanço positivo, de alguém que, mesmo diante de tantas dificuldades, conseguiu plantar a semente da esperança no coração de milhares de amazonenses que não acreditavam mais em nada na política.
Nesses últimos anos Serafim sempre foi pra mim um amigo e um conselheiro. Acho que chegou a hora de eu alertar como alguém que o quer bem, muito bem.
Serafim, mais de 36 mil pessoas foram as urnas votar em você esperando ver no parlamento aquele homem conhecedor das contas públicas e independente para fiscalizar a boa aplicação dos recursos. Não decepcione as pessoas com omissão ou se submetendo a interesses menores.
No mais, quero o bem do Serafim, mesmo quando ele cria uma teoria da conspiração para tentar justificar a postura pouco fraterna e leal que teve comigo em 2014.
Marcelo Ramos