Foto: Luiz Vasconcelos (Portal A Crítica)
Muito já se ouviu falar da “indústria da seca”. No sertão do nordeste verdadeiras dinastias políticas se alimentaram da seca para exercer o poder político e econômico sobre o povo sofrido. Com a seca, “coronéis” realizavam negócios que os enriqueciam e mantinham a dependência do povo por água como forma sustentar seus currais eleitorais.
Em Manaus assistimos fenômeno parecido. A “indústria dos buracos”. A lógica é a de que a cidade tem que ter buraco para ter o que tapar quando se aproxima a eleição.
Prefeitos passam os dois primeiros anos deixando a cidade toda esburacada para poder, com o aproximar da eleição, tirar fotos e colocar propaganda na TV mostrando seu esforço para tapar os buracos que eles mesmo deixaram tomar conta das ruas.
Tem que ter buraco! Buracos são bons para a reeleição de prefeitos. Se cuidar das ruas o mandato todo, chega na eleição e não tem o que tapar. Não tem o que mostrar na propaganda na TV e nem na foto do facebook.
Tem mais. A recuperação das ruas precisa ter prazo de validade. Não pode durar nem mesmo 4 anos. No máximo 2, para que logo precise ser refeita.
Você já se perguntou quantas vezes já fizeram serviço de tapa-buraco ou de asfaltamento na sua rua? Você já prestou atenção que esses serviços se intensificam com o aproximar do período eleitoral?
A “indústria do buraco” enriquece empreiteiros e promove prefeitos. Com a mesma lógica da “indústria da seca” pretende viabilizar bons negócios para os amigos do rei e passar para a população a imagem de quem resolve os problemas da cidade.
O que a velha política não consegue entender é que há um amadurecimento da nossa democracia e, consequentemente, um amadurecimento do eleitor que já não se deixa levar por esse tipo de demagogia barata.
Os novos tempos exigem gestores mais responsáveis com a cidade e com as pessoas que nela moram do que com os seus objetivos políticos. Gestores capazes de cuidar da cidade de forma eficiente e permanente, de executar serviços duradouros e com isso possibilitar investimentos em outras demandas da população. Nem só de asfalto vive uma cidade…