Era dia 25.04.2014. Eduardo Campos e Marina Silva chegavam emManaus para uma agenda de pré-campanha.
Havia tensão nos bastidores dessa visita. Hissa Abraão (PPS) pressionava Roberto Freire (presidente nacional do PPS) que por sua vez pressionava Eduardo Campos para que anunciasse o primeiro como candidato a Governador da coligação. Por outro lado, Marina Silva ponderava com Campos a viabilidade da minha candidatura ao Governo pelo PSB, sendo que direção do PSB-AM tinha outros planos.
Eduardo Campos chegou pela manhã e cumpriu agenda na Câmara. Desde lá uma disputa ferrenha para a aparecer ao lado do nosso presidenciável. Não sou bom nisso. Mas dei sorte quando fui colocado pelo cerimonial ao lado de Campos.
Nas entrelinhas dos discursos de Hissa sempre uma cobrança de que deveria ser o candidato porque aparecia melhor nas pesquisas enquanto eu não passava de 3%. Sob uma lógica pragmática, ele até tinha razão, mas Marina insistia em uma candidatura que expressasse melhor os valores e o projeto da candidatura à Presidência da República.
Marina chegou a tarde e tínhamos marcado para as 18h uma reunião com jovens. Não estava prevista a presença de Campos nessa agenda.
No final da tarde, Marina confirma a presença de Eduardo Campos para o evento com os jovens. Isso aumentou a tensão. Hissa não aceitava que Campos e Marina participasse de uma reunião só comigo.
Reunião marcada para as 18h, as 17:45 recebo uma ligação das pessoas que cuidavam na organização. Eduardo Campos já estava no local.
Corri pra lá. Chegando, encontrei um Eduardo Campos cansado, mas sentado no batente de um pequeno jardim conversando animadamente com alguns jovens. Ele realmente era uma cara diferente do que estamos acostumados na política. Era um homem simples, de sorriso largo e gestos fraternos.
A reunião foi linda. Mas deixou feridas para o evento oficial do dia seguinte.
No dia 26.04.2014, Seminário Programático da Região Norte. Hissa e Roberto Freire (PPS) estavam indignados e não esconderam isso nas suas falas. Não aceitavam a minha candidatura ao Governo. Hissa saiu dizendo que não tinha mais compromisso com a unidade dos partidos da chapa de Campos e Marina.
O resultado disso todos já sabem. Hissa virou candidato a deputado federal na chapa de Eduardo Braga e eu fui candidato a Governador. Posso dizer que foi no dia 25.04.2014 que o projeto de concorrer ao Governo do Amazonas foi consolidado.