A eleição de 2016 começa a tomar a pauta política em Manaus. Se é certo que é temerário adiantar o processo eleitoral num momento de crise econômica que atinge em cheio a Prefeitura. Também é certo que é irresponsável adiar o debate democrático sobre os problemas da cidade, realizar diagnósticos e apontar soluções.
Numa política comandada pelos mesmos velhos políticos desde a redemocratização, os debates eleitorais ressaltam as disputas pelo poder entre os grupos e seus caciques e ignoram o necessário diálogo sobre a cidade.
Os grupos se enfrentam há mais de 30 anos sem que situação ou oposição, direita ou esquerda, apresentem soluções concretas para questões como transporte, trânsito e mobilidade, reordenamento urbano, melhoria no atendimento na atenção básica da saúde, elevação da qualidade do ensino, eficiência na gestão das contas públicas, combate à corrupção e ao desperdício.
Governam Manaus pensando única e exclusivamente em como ganhar a próxima eleição, derrotar seu inimigo político – em regra um inimigo conjuntural que já foi aliado e pode voltar a ser – e perpetuar a si e ao seu grupo no poder.
Os velhos caciques se enfrentam numa disputa do poder pelo poder, ganham sem um programa de governo consistente e governam como o Príncipe da Sorte de Maquiavel, aquele que governa sem virtude, deixando a cidade ser levada pelo vento. Precisamos de governantes capazes de agir como Homero de Shakespare, que “não permite que os dedos da Sorte, como uma flauta, toquem sons caprichosos”.
Resgato uma passagem de um artigo de minha autoria escrito em 2009, citando Maquiavel: “… a força de vontade e o ímpeto não são suficientes para fazer o governante virtuoso. É preciso eficácia. É preciso que não se deixe levar pelos caprichos do acaso. É preciso ousadia. Enfim, é preciso submeter a sorte a outros atributos eficazes”.
Nesse cenário, parte da população cai na armadilha da escolha por simpatias ou antipatias, ignorando a necessária reflexão sobre o que se propõe para organizar a cidade e oferecer serviços públicos de qualidade aos munícipes.
É hora de construir o debate sobre a cidade de Manaus. Partindo do diálogo, da transparência, da eficiência administrativa, para organizar um plano de governo com compromissos verdadeiros e claros que façam de Manaus um espaço de convivência coletivo harmonioso e sadio.
#TodosPeloBemDeManaus