Ouvi hoje em uma rádio a propaganda de uma escola privada de Manaus. O anúncio dizia: “a única escola com sexto tempo extra para oficina de português e matemática”.
Lembrei dos debates sobre os desafios da educação que travávamos na preparação do nosso Plano de Governo para a Prefeitura de Manaus.
A prefeitura é responsável por creche, educação infantil, ensino fundamental 1 (1o ao 5o ano) e ensino fundamental 2 (6o ao 9o ano).
Considerando que a cobertura de creche e educação infantil é baixíssima e que o Governo do Estado assume aproximadamente a metade do fundamental 2, tem-se que a Prefeitura tem como responsabilidade principal na educação o ensino fundamental do 1o ao 5o ano.
O ciclo do fundamental 1 é exatamente o ciclo de alfabetização e ensino das operações matemáticas básicas. Portanto, etapa fundamental da vida escolar.
Uma criança que passa para o fundamental 2 bem alfabetizada e com bom domínio das operações matemáticas básicas cria as condições de uma vida escolar de sucesso. Já a fragilidade dessa etapa será carregada como um fardo por toda a vida.
Por isso é tão importante uma atenção especial ao ensino de português e matemática, com ênfase na leitura e no ensino das operações matemáticas vinculado às experiências da rotina de vida da criança.
A arte na escola. O amor pelos livros, pela música, pelo teatro, pelas artes plásticas deve ser plantado no coração das crianças como instrumentos paradidáticos de aprendizagem. Só assim criaremos uma escola viva, acolhedora e encantadora.
Claro que essa escola só terá sucesso com professores valorizados do ponto de vista salarial e estimulados na carreira, com prédios confortáveis e adequados para as crianças e com uma gestão escolar democrática que garanta a participação de pais e comunidade.
Temos tido resultados desastrosos na prova Brasil que avalia português e matemática no ensino médio, certamente, uma das explicações para isso é a fragilidade do ensino de português e matemática nos anos iniciais, acompanhada da lógica de aprovação a qualquer custo dos alunos, artificializado resultados e empurrando os alunos adiante sem que as etapas de aprendizagem sejam cumpridas.
Penso que o exemplo da escola privada deve nos levar a reflexão sobre ampliar a carga horária do ensino de português e matemática.
Marcelo Ramos