Todo ano o rio enche – isso é certo como o raiar do dia ou o chegar da noite – ainda assim todo ano nossos governantes são pegos de “surpresa” pela cheia.
Se não podemos com um fenômeno da natureza, considerando a sua previsibilidade, podemos minorar os danos causados por ele. Mas, aqui não. Aqui a cheia só existe para os governos quando a água bate nos pés do cidadão que anda ou mora nas proximidades do rio.
Não existem ações preventivas e de redução de danos. As consequências são trágicas.
Matéria de hoje do Portal G1, assinada por Suellen Gonçalves do G1AM, traz dados alarmantes em relação a doenças decorrentes de contato com a água contaminada (http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2015/07/no-am-85-mil-casos-de-diarreia-sao-diagnosticados-durante-cheia-diz-fvs.html).
Só nesses primeiros 6 meses de 2015, são 33 casos de leptospirose, 142 casos de hepatite tipo A e 85.439 casos de diarreia, no Amazonas. Desses, 29 casos de leptospirose e 78 casos de hepatite A em Manaus (a matéria não destaca os números da diarreia por município).
Os números de Manaus são alarmantes e decorrentes do descanso com investimentos em saneamento básico. Para ser ter uma ideia, o Instituto Trata Brasil (www.tratabrasil.org.br) realizou pesquisa sobre nível de saneamento nas 100 maiores cidades brasileiras e Manaus ocupa a 92ª. posição com apenas 8.9% de atendimento de tratamento de esgoto.
Uma cidade que não investe em tratamento de esgoto vai sempre sofrer com doenças decorrentes de água contaminada, mais ainda uma cidade que todos os anos sofre o fenômeno natural da cheia dos rios.
Precisamos de governantes capazes de entender que investimento em rede de esgoto é economia direta nos gastos com saúde pública e capazes de agir de forma preventiva em relação a cheia para minorar danos.
Enquanto não encontramos governantes com essa responsabilidade seguimos em Manaus sofrendo com a cheia nossa de todos os anos…