É fácil agradecer tudo que recebemos das nossas mães. Mais fácil ainda para quem ficou órfão muito cedo e deve tudo que tem na vida à dona Graça, como eu e meus irmãos.
Com o sacrifício e o amor da nossa mãe, nunca nos faltou nada. Viúva com 32 anos e 4 filhos, ela, de certa forma, abriu mão de parte da vida dela para nos dar a chance de sermos pessoas felizes, realizadas e amadas.
Mas foi preciso as lições do tempo e da experiência de ser pai para entender que o mais importante dessa história toda foi o que ela não nos deu, foi o “não” que ela, muitas vezes cheia de angústia e dor no coração, soube nos dizer.
Não há maior demonstração de amor que um “não” na hora certa. O “não” é tão doloroso quanto necessário na criação de um filho.
Hoje entendo e me penitencio por, mais jovem, exigir coisas que obrigavam a minha mãe a dizer “não”.
Na adolescência e na juventude achamos que podemos tudo, nos sentimos os donos do mundo e temos todas as certezas. Encurralamos nossos pais com nossas exigências e rebeldias.
Ai o tempo passa, fazemos um monte de besteiras por não ouvir nossa mãe, mas viramos pais ou mães também, e somos obrigados a reconhecer que a nossa mãe estava certa e que sempre fez tudo por amor, principalmente os “nãos”.
Minha mãezinha, devo tudo que tenho e sou à senhora, mas hoje quero mesmo é agradecer tudo que você “não” me deu, porque não podia ou porque não era certo.
Foram esses “nãos” que me fizeram um homem melhor.
Em nome da minha mãezinha, dona Graça Ramos, desejo feliz Dia das Mães a todas as mães.
Marcelo Ramos