Por Marcelo Ramos
Homens públicos, aqui incluídos não só os políticos, mas também membros do Judiciário, Ministério Público, Forças Armadas e todos que exercem qualquer função pública permanente ou temporária, precisam sabem conviver com as críticas, inclusive as injustas. Faz parte da democracia o direito de discordar de uma conduta, mais ainda quando essa conduta é tomada no exercício de uma função remunerada com dinheiro do contribuinte.
Por outro lado, isso não dá o direito das pessoas serem hostilizadas e desrespeitas por seus atos no exercício das suas funções.
Crítica democrática não se confunde com hostilidade e desrespeito. O limite é muito claro pra todos que têm educação e respeito pelas pessoas.
Acontece, que o Brasil está tomado por donos da verdade. Gente que se acha no direito de ofender, em qualquer lugar, a qualquer hora, qualquer um que pense diferente.
O ativismo virtual promoveu figuras que se acham donas do que chamam de “opinião pública”, ignorando que existem milhões de brasileiros que pensam diferente ou simplesmente estão fora desse mundo das redes sociais, porque estão excluídos ou atrás de emprego pra sustentar suas famílias. Ousam falar em nome do povo brasileiro, sem que a maioria do povo tenha lhe dado procuração para tal.
Errou o ministro que precisava ser resiliente e tolerante, até para não dar margem a toda essa comoção em torno do gesto de alguém que simplesmente deseja expressar sou revolta ou ganhar um pouco de holofote, tanto que já atacou filmando.
Mas errou também o ofensor que fez uma crítica desrespeitosa e cênica à mais alta corte do Poder Judiciário do país.
Precisamos resgatar um ambiente de tolerância e respeito para que nossas instituições voltem a andar pra frente e o país retome um caminho de estabilidade e crescimento. Engana-se quem acha que consertará o país com gestos de intolerância ou desrespeito.
Como advogado, professor de direito constitucional e deputado eleito, discordo de várias decisões do STF e entendo que o Judiciário brasileiro, assim como os demais Poderes, precisam de gestos de austeridade que demonstrem sensibilidade com a crise que atinge nosso país. Mas STF é o tribunal das condenações do Mensalão e de outros julgados que, com avanços e recuos, vem ajudando a passar a limpo o nosso país. O STF não é uma vergonha!